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Nutrição em cirurgia plástica: Parte 1

Desde a minha graduação em Nutrição a minha paixão pela área cirúrgica, cicatrização, e regeneração tecidual vem aumentando. Há mais de 12 anos trabalho com pacientes que receberam atenção nutricional neste período e, particularmente, acredito que temos êxito no atendimento clínico quando buscamos bases científicas, a pesquisa, o senso crítico e a ética.



Sabemos que atualmente é crescente preocupação com a beleza, bem-estar e antagonicamente ou associada uma busca pelo corpo perfeito onde o modelo de beleza corresponde a um "corpo magro", sem considerar aspectos relacionados à saúde e a procura por cirurgias plásticas tem aumentado significativamente.


Entretanto, a arte da cirurgia plástica consiste na restauração da forma e da função corporal, resultando em melhora não somente da parte estética como também da qualidade de vida. Sua divisão clássica é: cirurgia plástica reparadora ou reconstrutiva e cirurgia plástica estética ou cosmética.


Você sabia que o Brasil oscila sempre entre os primeiros lugares no ranking de cirurgias realizadas segundo os dados da ISASP-Internacional Society of Aesthetic Plastic Surgery?


E, ao realizarmos uma busca no Pubmed nos últimos 5 anos, aproximadamente 26.244 estudos abordam cirurgia plástica, porém não mais de 237 estudos relacionados com a nutrição. Logo, muitos ensaios clínicos randomizados devem ser realizados para afirmarmos uma Dietoterapia consagrada.


No entanto, para uma boa conduta clínica sabemos da importância do bom estado nutricional para a cirurgia e uma boa cicatrização, o que precisamos é recordar que nas fases clássicas da cicatrização descritas como inflamatória, proliferativa e maturação tecidual a demanda metabólica do reparo tecidual aumenta as necessidades de proteínas, vitaminas e minerais resultando numa intensa inflamação e atividade celular local.


Por isso, os períodos pré e pós-operatório merecem atenção na adequação de energia e proteína, aumento do consumo de frutas e verduras e hidratação. Ainda, alguns especialistas discutem sobre orientar uma dieta anti-inflamatória e de baixo índice glicêmico. Alguns compostos bioativos anti-inflamatórios descritos estão presentes nas uvas, cúrcuma, soja, frutas cítricas, maçã, crucíferas, pimenta, romã, gengibre e no chá verde.


Excelente se o paciente estar em acompanhamento desde o período pré-operatório, pois a intervenção nutricional promove o correto hábito alimentar, bem como pode restringir no pré-operatório suplementos e fitoterápicos, o fumo, o álcool, a cafeína, alimentos fonte de ômega 3, bem como estimular o consumo de alimentos fonte de vitamina K, B9, B12 e ferro para o paciente no momento cirúrgico estar com uma melhor resposta imunológica.


Já, no pós-operatório observa-se atenção no aumento da hidratação, na ingestão de proteínas, carboidratos, ômega 3, micronutrientes como vitamina A, C, E, D, B1, B2, B6 e B12, cálcio, ferro, cobre, manganês, magnésio, selênio e zinco e, ao mesmo tempo restringir o consumo de açúcar simples, refrigerantes, gordura saturada, alimentos fermentescíveis, sódio e cafeína. Nesse sentido, a desnutrição promove riscos de infecções, má cicatrização e ainda colabora para promover um resultado insatisfatório para os pacientes bem como comprometimento da saúde e da qualidade de vida.


Em cirurgias corporais como abdominoplastia e lipoaspiração, pode haver encaminhamento do paciente para o nutricionista com objetivo de perda de peso prévia ou manutenção do peso no pós-operatório. É bom lembrar que o emagrecimento rápido está associado a deficiências nutricionais, comprometimento do resultado da cirurgia e da cicatrização.


Ainda, alterações no comportamento alimentar podem estar presentes no pré e no pós-operatório. Neste contexto, quando o objetivo é evitar o ganho de peso muitas vezes são necessárias mudanças baseadas na escolha e no preparo dos alimentos de maneira que promovam a adoção de uma alimentação saudável, por isso estratégias de aconselhamento e educação nutricional são bem vindas nas equipes de cirurgia plástica. Dessa forma, nós nutricionistas precisamos nos preparar para atuarmos nestas equipes multidisciplinares.


Em 2013, organizei uma obra maravilhosa Atendimento Nutricional em Cirurgia Plástica. E, em 2015 defendi a Dissertação de Mestrado intitulada Comportamento Alimentar em Mulheres submetidas à Abdominoplastia na Unifesp.


Com ciência, Vanessa Suzuki.


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